Reservas na Amazônia correm risco de ficar sem monitoramento do Sipam.
Vinculado à Casa Civil da Presidência da República, o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) deixou de coletar dados de desmatamento, por meio do Programa de Monitoramento de Áreas Especiais (ProAE), de algumas terras indígenas e unidades de conservação nos estados de Rondônia, Acre e Mato Grosso. A observação das áreas era feita desde 2005 a partir de imagens de satélite, mas uma mudança de prioridade no órgão deixa terras que devem ter a natureza preservada em segundo plano desde o início do ano.
"O ProAE muda seu enfoque a partir deste ano para priorizar áreas de fronteira e pontos específicos de desmatamento", diz José Nilmar Silveira, gerente do centro regional do Sipam em Porto Velho, responsável pelo monitoramento em terras de Rondônia, Acre e Mato Grosso. Segundo ele, a partir de agora o órgão passa a fiscalizar 19 cidades de Mato Grosso e 4 de Rondônia que tiveram índices de desmatamento muito altos segundo a Operação Arco Verde, do Ibama.
Além disso, o ProAE também vai se concentrar em faixas de fronteira de até 150 quilômetros nos três estados. O raio de monitoramento de fronteira abrange praticamente todo o Acre e também algumas áreas de proteção florestal, segundo Silveira. Mas terras indígenas e unidades de conservação além deste limite deverão ficar sem o amparo do órgão. "A prioridade é focar as áreas de fronteira. Se não tivermos servidores suficientes, infelizmente algumas regiões vão ficar sem monitoramento", diz ele.
Outros sistemas de monitoramento, como o Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também são capazes de detectar desmatamento em áreas de proteção, desde que sejam maiores do que 25 hectares. Mas não fazem a mesma análise que o ProAE, capaz de identificar pequena presença humana e de driblar a cobertura de nuvens com o uso do radar.
"O ProAE muda seu enfoque a partir deste ano para priorizar áreas de fronteira e pontos específicos de desmatamento", diz José Nilmar Silveira, gerente do centro regional do Sipam em Porto Velho, responsável pelo monitoramento em terras de Rondônia, Acre e Mato Grosso. Segundo ele, a partir de agora o órgão passa a fiscalizar 19 cidades de Mato Grosso e 4 de Rondônia que tiveram índices de desmatamento muito altos segundo a Operação Arco Verde, do Ibama.
Além disso, o ProAE também vai se concentrar em faixas de fronteira de até 150 quilômetros nos três estados. O raio de monitoramento de fronteira abrange praticamente todo o Acre e também algumas áreas de proteção florestal, segundo Silveira. Mas terras indígenas e unidades de conservação além deste limite deverão ficar sem o amparo do órgão. "A prioridade é focar as áreas de fronteira. Se não tivermos servidores suficientes, infelizmente algumas regiões vão ficar sem monitoramento", diz ele.
Outros sistemas de monitoramento, como o Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também são capazes de detectar desmatamento em áreas de proteção, desde que sejam maiores do que 25 hectares. Mas não fazem a mesma análise que o ProAE, capaz de identificar pequena presença humana e de driblar a cobertura de nuvens com o uso do radar.
De acordo com Silveira, outra mudança na metodologia de trabalho do programa fará com que a contagem dos dados de desmatamento comece do zero novamente a partir de 2010. Até 2008, o programa usava o satélite americano Landsat, cuja vida útil está esgotada, segundo Silveira. "Em 2009, não conseguimos coletar imagens do Acre de forma satisfatória. O satélite funciona de maneira precária", diz ele. Agora, o sistema usa imagens de radar do satélite japonês Alos, mas ainda existe a possibilidade de fechar acordos com novos satélites. "Uma das opções seria usar imagens de um satélite francês", diz ele.
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Três visões da amazônia em crise.
Em 1982, o compositor paraibano Vital Farias profetizava a tragédia ambiental cada vez mais próxima do ponto irreversível na obra-prima Saga da Amazônia. Mesclando arte, ciência e tecnologia, o espetáculo Amazônia - Teatro Música em Três Partes ocupa o Sesc Pompeia até domingo enfatizando o quadro aterrador que Farias já pintava na canção. Anteontem, na sessão de pré-estreia para convidados, ao fim de mais de três horas (contando o tempo de dois intervalos), a impressão que ficou foi a de que o fim da aventura humana na Terra já está determinado. Por mais que se sugiram ações emergenciais, problemas decorrentes da superpopulação que demanda consumo de alimento em quantidades caudalosas - o que motiva a devastação da floresta em ritmo desesperador para cultivo de lavoura e criação de gado - parecem sem solução.
Dirigida por Michael Scheidl e Christiane Riedel, a ópera é dividida em três partes e dois ambientes. A produção intercontinental é do Sesc em parceria com o Instituto Goethe e o Teatro São Carlos de Lisboa, o ZKM (Centro de Arte e Mídia de Karisruhe, Alemanha), a Hutukara Associação Yanomami e a Bienal de Munique, onde estreou em maio.
Não é exatamente uma ópera nos padrões que se conhece do gênero, com dramalhão amoroso, interpretações empostadas e figurinos cafonas. É uma encenação nada convencional, mas tem tragédia, canto lírico (polifônico), é multimídia e às vezes pesada. Principalmente na primeira parte, Tilt, que trata da visão do colonizador, com libreto baseado num relato de Sir Walter Raleigh, de 1596. É um ato longo, minimalista, complexo e um tanto cansativo. No mesmo espaço de convivência, o segundo ato, A Queda do Céu, é sobre o olhar dos indígenas e convida o público à interatividade, como se passasse uma noite na floresta, com seus ruídos e luzes estranhas, com música de vanguarda (do brasileiro Tato Taborda) mais interessante e impactante que da primeira.
O terceiro ato, Conferência Amazônica, é o mais bonito visualmente, com projeções sobre o cenário de formas quadrangulares inspirada na cadeia molecular do "jogo da vida", que ocupa metade das cadeiras do teatro.
Os textos projetados, com diversas estatísticas alarmantes - que tanto já são noticiadas quando desdenhadas - sobre fome, poluição e extinção de espécies de plantas e animais, mais a encenação da conferência, da qual participam um índio, uma cientista, um político e um economista, dão um tom didático à encenação, como uma aula de ecologia sobre o ciclo da água, a fotossíntese e a emissão de gás carbônico na atmosfera e suas consequências. Quem espera ver índio dançando, imagens deslumbrantes da fauna e da flora ou procura entretenimento, que vá ver outra coisa. A visão do problema climático aqui é apocalíptica.
Postado Por:
Isis Duarte e Caroline Santana.